Pesquisa enviada por Fabrine Guimarães da Silveira - 1ª Prenda Veterana MTG-PR 2018-2020
Construída
no século XVII na Sesmaria do Pitangui, que possuía 500 alqueires, o que nos
dava nítida ideia de vida e religiosidade da época.
Abrigando
em seu interior, ainda hoje a imagem em madeira de Santa Bárbara, tendo caída
sobre a fronte uma coroa de prata, ambas da mesma época, uma das pias batismais
original, resquícios do altar original que acomodava a imagem principal, na
nave principal do corpo da capela, ao lado esquerdo próximo ao altar existe
ainda, um pequeno púlpito de madeira com escala.
HISTÓRICO:
HISTÓRICO:
Com a
proposição de converter os indígenas ao catolicismo, os jesuítas se tornaram,
desde logo, responsáveis por um processo de colonização mais “racional” em
confronto com a forma puramente predatória utilizada pelos colonos. Os
primeiros missionários jesuítas vindos de São Vicente (SP), para o Estado do
Paraná, que na ocasião não era Estado, pois estava dividido em duas partes: uma
pertencente ao Estado de São Paulo e outra pertencente à colônia espanhola do
Paraguai, encontraram como religião entre os índios das diversas tribos dos
Guarani, Coroados, Carijós e Botocudos uma cultura original rudimentar que
admitia a existência de uma divindade, permitia a poligamia, aceitavam a crença
em uma vida imortal e adoravam a lua e o sol.
Após se
instalarem em várias regiões do Estado com suas “reduções” (locais onde as
aldeias indígenas, embora reproduzindo as formas originais de organização
social dos índios, eram minuciosamente administradas pelos jesuítas, gerando
excedentes de produção agrícola, comercializados pela Companhia de Jesus junto
à população branca).
Em 1710,
a Companhia de Jesus, com permissão do capitão-mor Pedro Taques de Moraes,
construiu na Fazenda do Pitangui, um oratório em honra à Santa Bárbara. Com o
falecimento de Pedro Taques de Almeida, 1713, seu filho José Góis de Moraes,
com base em registros no Cartório Borges de Castro, em agosto de 1727, fez a
doação da Sesmaria do Itaiacoca, também denominada Fazenda Pitangui.
Em 1729
o Padre Nicolau Rodrigues França, da casa das Missões de Paranaguá, aí
missionou conforme consta dos assentos da catedral de Curitiba. Logo após a
instalação os padres, teriam substituído o oratório por uma capela construída
por José Tavares de Serqueira, parente de José Góis de Moraes, dedicada à Santa
Bárbara do Pitangui.
Paralelamente
aos serviços religiosos dos jesuítas, estabeleceram uma fazenda de criação, a
Fazenda Pitangui, e aí permaneceram até 1759, quando foram expulsos pelo
Marquês de Pombal. Em agosto de 1727, fez-se doação da Sesmaria do Itaiacoca,
também denominada de Pitangui, à Companhia de Jesus, sendo a capela construída
em 1729. Os religiosos da Companhia de Jesus povoaram as Sesmarias de gado e
escravos, movimentando suas fazendas.
A
estrada do “Continente Sul” que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul, de
Jaguariaíva para o sul, vinha em direção ao rio Pitangui, passando pela
Sesmaria dos padres da Companhia de Jesus, movimentando assim as zonas das
Sesmarias. Os jesuítas do Pitangui, vendo o crescente movimento dos tropeiros e
viajantes, apressaram-se na construção de uma capela e a dedicaram à Santa
Barbara, para onde iam todos os moradores das fazendas vizinhas receber os
Santos Sacramentos e ainda servir aos viandantes.
Com a
expulsão dos jesuítas, efetuada por ordem do Marques de pombal, de Portugal e
das suas colônias, confiscando todos os seus bens e os anexando à Coroa
Portuguesa, dentre estes à Capela de Santa Bárbara, cessaram assim todos os
ofícios divinos que eventualmente eram realizados ali, e os escravos que ali
viviam, foram alforriados e passaram a viver na ociosidade, de acordo com o que
consta no arquivo Paroquial de Castro.
A partir
deste ano a capela e a Fazenda Pitangui passaram a ser geridas pelos carmelitas
da Fazenda Capão Alto. Em 1772 estes se retiraram do Paraná temerosos que lhes
acontecesse o mesmo que houve aos jesuítas.
Enterravam-se
os mortos no pequeno cemitério ao lado da Capela Santa Bárbara. A existência de
um cemitério na Fazenda, explicaria a aparição de ossadas quando da restauração
feita no local em meados da década de 1970, quando os mesmo foram encontrados
sob o assoalho apodrecido, o que seria um cemitério das famílias que foram
proprietárias da fazenda. No cemitério da capela, estão enterrados todos os
primitivos povoadores de Ponta Grossa.
A Capela
de Santa Bárbara é uma edificação simples, com traços que dão nítida ideia da
vida e religiosidade da época. De pau a pique e reboco, coberta com telhas
trazidas de Paranaguá em lombo de burro, foi construída com o dinheiro doado
por Ana Siqueira de Mendonça, viúva de Domingos Teixeira de Azevedo, do
Cambijú, para pagar uma promessa à Santa Bárbara.
Localizada à margem esquerdo do riacho São Miguel,
afluente do rio Pitangui, a capela foi toda construída com material existente
em maior quantidade na região – arenito furnas, assentada sobre um grande bloco
do mesmo material. Suas paredes são bastantes espessas, tendo a frente voltada
para o Sul e, seu atual proprietário, Nestor Carraro fez algumas obras para a
sua conservação, entre elas, uma parede de madeira, tanto na frente como na
parte traseira da capela, que haviam ruído completamente e também colocando um
novo assoalho no lugar do primeiro que se encontrava em péssimo estado.
Segundo
o proprietário, estas obras foram efetuadas em 1973. Na obra feita, foram
levantadas várias colunas de concreto para amparar as paredes que estavam
caindo e também o teto foi completamente restaurado, bem como a fachada da
capela.
Para se
entrar na capela, antes da obra , subiam-se alguns degraus de pedra já bastante
gastas pelo uso. O interior era muito simples, paredes nuas, com uma única
janela do lado esquerdo do altar. Desse lado havia um pequeno púlpito de
madeira, com uma pequena escada. Sobre o altar encontrava-se a imagem em argila
da Santa. Esta tinha sobre a fronte uma coroa de prata com algumas pedras
coloridas. Existiam duas pias batismais de madeira, um turíbulo de bronze e um
pequeno sino, pesando aproximadamente dez quilos.
Havia
apenas uma porta de entrada voltada para o sul. Sobre esta porta teria existido
uma placa de madeira com inscrições a fogo, destruída pela ação do tempo, e que
foi substituída em parte, por um papel datilografado com os seguintes dizeres
copiados do original:
Em 1707
passou pelos Campos Gerais uma Missão Científica composta de Jesuítas, que como
em todas as demais fazendas fundaram uma pequena Igreja.
Padres:
Antônio
da Cruz, 1707
Tomás
de Aquino, 1716
Vitor
Antônio, 1717
Manoel
Amaro, 1720
João
Gomes, 1725
Antônio
da Cruz, 1732
Estanislau
Cardoso, 1735
Francisco
Gomes, 1739
Manoel
Rodrigues, 1740
Antônio
da Cruz, 1741
Caetano
Dias, 1743
Lourenço
de Almeida, 1748
Manoel
Martins, 1751
Cristóvão
da Costa, 1752
Com o
passar dos anos e a sucessiva transferência da referida propriedade a obra foi
sendo esquecida, chegando quase a ruína total. Embora muito se pretendesse
sobre o aproveitamento do local como atração turística da cidade, pois esta
relíquia dista 14 quilômetros do centro da cidade, ainda não se fez nada a
respeito. Venho por meio desta pesquisa relembrar a importância histórica e
cultural da Capela.
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